segunda-feira, setembro 24, 2007

Dorlícia

O arroz mal cozido parece vidro quebrado
quando punça a gengiva do molar primeiro
recém extirpado
branca amarelada, vermelho rosado
costurada de dente a dente
pela frente e pelo lado
infeccionada de cabo a rabo

O pus agridoce escorre à língua
O alimento vem à míngua
O sangue jorra
O sabor exótico sublima
Sangue, pus, arroz
Dor que faz esquecer
de rima, verso ou prosa
Delícia única da vida.
Dor saborosa!

domingo, setembro 23, 2007

Bienal C

A indefecável beleza da arte
traçando uma curva única e inimitável
arte involuntária e bela
para os merdas, deplorável

aço retorcido em forma de gente
gente distorcida em forma de merda
gente de aço vivendo a verdade distorcida
verdades afogadas por mentes de merda

monumento ao ócio em mentes belas
ócio exposto sem arte nas telas.
vazio mostrando tudo,
cheio que não diz nada
putas na esquina, putas na parada

amor e arte, em simples concreto
amor e feiúra, nascimento do feto
arte e luxúria, o belo da arte
arte que choca, arte que fode, arte à la carte
arte que suja, arte na boca, suja, arte.