domingo, outubro 07, 2007

Escrevo

Não me peça para falar da beleza do amor
do céu, da vida, do vento soprando
isso quem escreve é bobo ou criança
isso escrevo com uma mão nas costas,
cagando.

Falar do que machuca,
cuspir raiva, angústia e lástima
Falar da dor que dói, da saudade vazia,
da carne rota, fria
das feridas que o coração oculta.
E da forma mais cruel e crua,
Por simples deleite e sadismo,
Ver minha angústia tornar-se sua.

Beleza não está na estética,
No amor ou na felicidade, na ética
Mas na cotidiana vida patética,
Comum, simples, apática.
Vil.
Assimétrica.

Comercial de margarina
Sol que ilumina
Contos heróicos, jornadas, andanças.
Deixo para as crianças.